18 de abr. de 2012

BERTRAND RUSSELL - Como Envelhecer

Bertrand Russell


               por Pedro Luso de Carvalho


           BERTRAND RUSSELL nasceu em Trellek, País de Gales, em 1872, e faleceu em Penrhyndeudracth, em 1970. Russell foi um dos criadores da lógica moderna. Escreveu, em colaboração com Whitehead, entre os anos de 1910 e 1913, uma de suas obras mais importantes, qual seja, “Princípios Matemáticos”.

       O britânico Bertand Russell foi matemático, filósofo e sociólogo. Escreveu uma obra extensa, nessas três áreas do conhecimento. Foi um adversário vigoroso e incansável do uso das armas nucleares. Em 1950, recebeu o Premio Nobel de Literatura.

         O trecho que segue, de Como Envelhecer, é um dos ensaios de Bertrand Russell, que compõem o seu livro Retratos de Memória e Outros Ensaios (Portraits from Memory and Other Essays), traduzido por Brenno Silveira. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1958, p. 45:

Idosos. Pintura em acrílico e encáustica de Sérgio Prata.
Acervo do Sesc de Curitiba (PR)

                                                       [ESPAÇO DO ENSAIO]

                                                       COMO  ENVELHECER
                                                                                                                               (Bertrand Russell)


       Psicologicamente, há dois perigos contra os quais a gente precisa guardar-se, na velhice. Um deles, é deixar-se a gente absorver indevidamente pelo passado. Não é bom viver-se de recordações, a lamentar os bons dias de antanho, ou em meio de tristeza pelos amigos que já se foram. Nossos pensamentos devem voltar-se para o futuro – para coisas em que há algo a ser feito. Isto nem sempre é fácil: nosso passado é uma coisa que pesa cada vez mais. É-nos fácil pensar que nossas emoções costumavam ser mais vivas, e que nosso espírito era mais penetrante. Se isso é verdade, deveria ser esquecido e, ser for esquecido, não será, provavelmente, verdade.

        A outra coisa a ser evitada é a gente agarrar-se aos jovens, na esperança de se sugar vigor de sua vitalidade. Quando nossos filhos se tornam adultos, querem viver suas próprias vidas e, se continuarmos a interessar-nos por eles como quando eram pequenos, é provável que nos tornemos um fardo para eles, a menos que nos sejam excepcionalmente indiferentes. Não quero dizer que não devamos interessar-nos por eles, mas nosso interesse deveria ser contemplativo e, se possível, filantrópico, mas não indevidamente emocional. Os animais tornam-se indiferentes aos filhos, logo que estes podem cuidar de si próprios, mas as criaturas humanas, devido ao longo período da infância, acham isso difícil.

        Penso que uma velhice satisfatória é mais fácil para aqueles que tem fortes interesses impessoais, envolvendo atividades adequadas. É nesta esfera que a longa experiência se torna realmente proveitosa, e é nessa esfera que a sabedoria nascida da experiência pode ser exercida sem que seja opressiva.


                                                             *  *  *  *  *  *

5 comentários:

  1. Boa noite, querido amigo Pedro Luso.

    Acho que o envelhecer é muito mais fácil para o homem, por ser mais racional que emocional.

    Homem é mais objetivo que a mulher, e por isso é que até a independência financeira é conseguida com menos tempo.

    O relacionamento com filhos vai pelo mesmo caminho. A mãe cultiva o filho dentro de si. É muito mais difícil abortá-lo na fase adulta.

    Porém, pela felicidade deles, somos capazes de ficar alegres, quando eles alçam voo, porque nos sentimos responsáveis demais. Normalmente a mãe sente culpa por tudo. É coisa de mulher, mesmo!

    Sobre o passado, é extremamente fácil, quando estamos na ativa.
    O trabalho absorve nosso tempo e nossa mente. Talvez até mais do que deveria.

    O homem é mais matemático, por isso consegue viver de forma mais inteligente.

    A gente precisa se policiar muito, para conseguir o ponto de equilíbrio.

    Um grande abraço.

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  2. Pra mim envelhecer ainda é um grande mistério...
    Um beijo.

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  3. Bom dia, querido amigo.

    No outro blog você postou sobre o momento do inventário.
    Infelizmente é tudo aquilo mesmo.

    É tão ruim a gente se deparar com pensamentos sem nobreza, antagônicos à situação, e que afloram dentro de nós, nos envergonhando.

    Passamos por isso há um ano, quando a minha mãe se foi, e confesso:
    Eu me senti hipócrita!

    Fiquei providenciando a papelada que aumentou a pensão que eu e mais duas irmãs temos, porque meu pai era ferroviário.

    Essa tarefa serviu para distrair-me um pouco, no pesado momento. Essa parte não pesaria na consciência, se esse direito não tivesse permeado a minha mente, antes do desfecho.

    As outras irmãs que não usufruem da mesma pensão, tornaram-se feras!
    Houve as desconfianças todas, afastando ainda mais, quem nunca se deu bem.

    Eu tive depressão pela perda, e por ter ficado muito com ela, no hospital, vendo e sentindo a sua lenta partida.

    Perdi a vontade de viver, já que, olhando dentro de mim, encontrei feiúra...

    Eu, que queria ser freira, queria ser SANTA!!

    Talvez consigamos isso, quando nos formos daqui.

    Que seu domingo seja de paz e saúde.

    Beijos.

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  4. Gostei muito e aprendi também. Sou muito apegada aos meus filhos e em certas ocasiões, sinto sufocá-los por excesso de proteção.
    A poesia "presente" em minha vida, é o doce
    elo entre passado,e futuro.Me traz ótimas expectativas em qualidade de vida.Ela me faz sonhar e acredito que enquanto tivermos sonhos, a vida continuará pulsando dentro de todos nós,em qualquer idade.Obrigada Pedro Luso.Boa Noite

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  5. Bons conselhos, a velhice tem de ser desfrutada sempre a pensar que amanhã é outro dia para ser vivido em harmonia com os outros, com o Mundo.

    Só o conseguiremos se fizermos planos para ocupar o nosso tempo de forma a nos sentirmos bem com nós próprios e a ajudar a sociedade a segui em frente.

    Um abraço

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